O Colóquio Organizar, Preservar e Comunicar a Memória da Arquitetura – Os Arquitetos e os Arquivos de Arquitetura, realizou-se a 23 de junho de 2021, entre as 17h00 e as 19h00, através da plataforma Zoom, sendo divulgado em direto, pelo Facebook e Youtube do CIDEHUS.UÉ, com o objetivo de permitir uma maior difusão.
Com a coordenação científica e moderação de Paulo Batista, o programa desta iniciativa contou com os seguintes contributos:

Ricardo Costa Agarez: CIDEHUS.UÉVORA;

Sofia Aleixo: CHAM-SLHI; FCSH-UNL; DARQ-EARTES, CHAIA E IHC-CEHFCI, UÉVORA

José Manuel Fernandes: FAUL/CIAUD-UL;

Paulo Tormenta Pinto: ISCTE/DINAMIA’CET-IUL;

Paula André: ISCTE/DINAMIA’CET-IUL;

João Cardim: ISCTE-IUL;

Jorge Figueira: DARQ-FCTUC e CES-UC;

Conclusões – Paulo Batista: CIDEHUS.UÉVORA.

Considerando o número de participantes, em número de sete, seguido das conclusões, solicitou-se a cada conferencista que falasse, durante 10 minutos, da sua experiência de investigação (no âmbito do seu mestrado, doutoramento, ou qualquer outra investigação desenvolvida ou em curso) em Arquivos de Arquitetura (incluindo-se aqui, não apenas os arquivos particulares de arquitetos, mas também os processos de obra particulares), dando a sua opinião sobre os mesmos, ao nível da organização, preservação e difusão da memória da arquitetura, enfatizando, por exemplo, as dificuldades, os desafios e as oportunidades nesse processo, mas também as evidências, em termos de publicações, projetos de investigação, exposições, etc., geradas a partir daí, para além, naturalmente, de outras questões que cada orador considerasse concorrerem para esta temática.

Esta iniciativa deve ser entendida como complemento ao Simpósio Os arquivos de arquitetos em Portugal: da organização à difusão da informação, que decorreu a 21 de janeiro de 2021, também através da plataforma Zoom, com difusão em direto, pelo Facebook do CIDEHUS.UÉ., que contou com a participação de responsáveis da Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas, da Direção Geral do Património Cultural, do Arquivo Municipal de Lisboa da Faculdade Arquitetura da Universidade do Porto, da Biblioteca de Arte e Arquivos da Fundação Calouste Gulbenkian, da Fundação Marques da Silva, e da Casa da Arquitectura – Centro Português de Arquitectura.

Dito de outra forma, se neste Simpósio foram os arquivistas a falar sobre os arquivos de arquitetos em Portugal, no presente Colóquio pretendeu-se conhecer a opinião dos arquitetos sobre os arquivos de arquitetura nacionais.

Considerando as apresentações efetuadas, destacam-se as seguintes linhas de força das mesmas:
– A dispersão, a pureza e a diversidade desta documentação, chamando-se também a atenção para a natural importância da fotografia;
– Uma questão terminológica, ou de nomenclatura, relativo ao termo “arquivo privado”, em vez de “arquivo pessoal”, ou arquivo com o nome do respetivo arquiteto;
– Se existem arquitetos que organizaram bastante bem a documentação relativa à sua obra edificada, separando por exemplo, o processo administrativo dos desenhos, por vezes isso não acontece, ou seja, considera-se apenas a obra construída, “desprezando”, passe a expressão, todos os desenhos, e demais documentação, relativa a um determinado projeto que não passou disso mesmo.
– O caso singular de um arquivo teórico de investigação, de história e de arquitetura, doado à Direção-Geral do Património Cultural Forte de Sacavém, em regime de comodado, com vista à sua organização, conservação e difusão;
– Um dos problemas que também foi enfatizado, que por vezes se pode colocar, refere-se a arquivos que estão fisicamente inacessíveis, não por razões diretamente relacionadas com os mesmos, mas derivados das instituições que os têm à sua responsabilidade. Esta situação realça a importância, numa primeira fase, da microfilmagem, e posteriormente, da digitalização, com todas as vantagens decorrentes, não apenas do ponto de vista da sua conservação, mas também da sua comunicação;
– O destaque natural da complementaridade dos arquivos privados com os processos de obra particulares, que são fontes primárias absolutamente fundamentais para a compreensão da obra projetual e edificada;
– No mesmo sentido, é crucial distinguir a autoria formal da autoria real e, neste contexto, da importância que os engenheiros têm e que por vezes é ignorado;
– O arquivo como fonte que permite duvidar das narrativas hegemónicas e a ideia de um contra arquivo, no sentido das ausências e silêncios, que é fundamental ter em conta;
– A importância das fontes, como é o caso das revistas estrangeiras, para a compreensão da cultura visual e arquitetónica dos arquitetos;
– O contributo das pessoas que trabalham nos arquivos, onde esta documentação se encontra, em todo o processo que vai da respetiva organização à difusão;
– A ampla diversidade das perspetivas de interpretação existentes nestes arquivos;
– A relevância do pré-inventário, do mapeamento dos projetos não identificados e não concluídos;
– O valor espaços de arquitetura integrais, do trabalho académico, ao associativo e arquitetónico propriamente dito, e particularmente da mulher arquiteta, num curso em que os homens têm um grande peso percentual, como foi o caso da arquiteta Maria José Marques da Silva, numa perspetiva muito para além da esposa do grande arquiteto”;
– Finalmente, a importância da perspetiva rural de Portugal, de pensar a arquitetura de uma forma não moderna e do poder dos investigadores, com a implícita responsabilidade e ética no trabalho que efetuam, em derrubar figuras.

Depois de uma questão colocada pelo público, prontamente respondida pelos conferencistas, seguiu-se um período de debate envolvendo estes.
Este evento encontra-se disponível, para memória futura, no Facebook e Youtube do CIDEHUS.UÉ, nomeadamente em:
https://www.facebook.com/cidehus/videos/organizar-preservar-e-comunicar-a-mem%C3%B3ria-da-arquitetura-os-arquitetos-e-os-arqu/491692128748025

A segunda edição desta iniciativa vai realizar-se a 20 de abril de 2022, agora alargando a realidade considerada a Inglaterra e ao Brasil, para além de Portugal, no mesmo formato do colóquio anterior, sendo divulgado, em direto, através do Facebook do CIDEHUS.UÉ.

Autoria do cartaz e banner: Francisco Brito (CIDEHUS.UÉ)

Paulo Jorge dos Mártires Batista

Paulo Jorge dos Mártires Batista

Investigador integrado do CIDEHUS.UÉ – Centro Interdisciplinar de História, Culturas e Sociedades da Universidade de Évora.

Doutor em Documentación (Universidad de Alcalá de Henares – UAH). Mestre em Ciências da Informação e da Documentação (Faculdade de Ciências Sociais e Humanas – Universidade Nova de Lisboa – FSCH-UNL). Máster em Documentación (UAH) e Diploma de Estudios Avanzados de Doctorado em Bibliografia y Documentación Retrospectiva en Humanidades (UAH). Pós-graduado em Direito da Sociedade da Informação (Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa) e em Ciências da Informação e da Documentação – Biblioteconomia e Arquivística (FCSH-UNL). Especialização em Boas Práticas em Gestão Patrimonial e em Ciências da Informação e da Documentação – Arquivística (FCSH-UNL). Licenciado em História (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa).

Atualmente desempenha funções de Técnico Superior no Arquivo Municipal de Lisboa, de Professor Convidado no Curso de Especialização Arquitetura e Cultura Visual em Lisboa (UC “Arquivos de Arquitetura: do documento à difusão” e “Fontes de arquitetura e produção de conhecimento”), do ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa, de Professor Convidado no Curso de Pós-Graduação de Museologia (UC “Arquivos e Museologia”), da Universidade Autónoma, e de Investigador do CIDEHUS.UÉ – Centro Interdisciplinar de História, Culturas e Sociedades da Universidade de Évora, para além de formador na BAD – Associação Portuguesa de Bibliotecários, Arquivistas, Profissionais da Informação e Documentação, em Arquivos de Arquitetura, e da Câmara Municipal de Lisboa, em Introdução às Técnicas Documentais. É Secretário da Comissão Executiva da Secção de Arquivos de Arquitetura do Conselho Internacional de Arquivos.

Foi docente no Mestrado de Ciências da Informação e da Documentação da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas – Universidade Nova de Lisboa, técnico superior no Instituto Português do Património Cultural, no Instituto Português do Património Arquitetónico/Palácio Nacional de Queluz e no Instituto de Arquivos Nacionais/Torre do Tombo, e investigador no Instituto de Investigação Científica tropical – Centro de Estudos de História e Cartografia Antiga.

Autor de diversas publicações em revistas da especialidade portuguesas e estrangeiras, em livros de coordenação diversa e artigos científicos apresentados em congressos nacionais e internacionais.

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